Itararé, Cidade de Artistas - O Rock Aqui é Rota Sul

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Só os imbecis são felizes (Silas Correa Leite, in, Provocações, TV Cultura)

DECLAMAR POEMAS - Silas Correa Leite de Santa Itararé das Artes


Declamar Poemas

Não gosto de decorar poemas
Prefiro falar poemas com um livro na mão
O livro é meu instrumento musical.
(Solivan Brugnara)

Para Regina Benitez

Não fui feito para declamar poemas
Ter timbre, empostar a voz, tempo cênico
E ainda dar tom gutural em tristices letrais.

Não fui feito para decorar poemas
Malemal os crio e os pincho fora
Pro poema saber mesmo quem é que manda.

Não fui feito para teatralizar poemas
Mal os entalho e deixo que singrem
Horizontes nunca dantes naves/gados.

Não fui feito para perolizar poemas
Borboletas são pastos de pássaros
Assim os poemas que se caibam crusoés.

Não fui feito para ser dono de poemas
Eles que se toquem e se materializem
Peles de pedras permitem leituras lacrimais.

Não fui feito nem para fazer poemas
Por isso nem cheira e nem freud a olaria
Apenas uso estoque de presenças jugulares.

Não fui feito eu mesmo. Sou poema
Bípele, cervejólo, bebemoro noiteadeiros
Quando ovulo sou fio-terra em alma nau.
-0-
Silas Correa Leite, Itararé-SP
E-mail: poesilas@terra.com.br

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Salmo Para Julia Moura Lopes, Porto, Portugal





Salmo para Julia Moura Lopes, do Porto, Portugal


Senhor, tende piedade dos meus pés descalços
Sobre a calvície oblíqua da terra cor de sangue
E olhai para as bolhas de água dos meus dedos
Que singram carcaças nunca dantes navegadas

Senhor tende piedade das espigas de milho
Que colhem o ouro do sol com energia atomal
E nos devolvem em broas e pudins e horizontes
Que dedilhamos sementes em almas andarilhas

Senhor tende piedade da água na ponte de pedra
De uma Portugal que é prelúdio dentro da gente
E abençoai a alma poética da amiga Julia Moura
A escrever-nos em salmouras santas na distância

E por fim, Senhor tende alguma piedade de mim
Lusonauta trazido da Ilha da Madeira numa leva
Todos na diáspora a fugir do terror de uma cruz
E por teu santo nome nos fizemos brasilíndios

Nesta américa latina em pó deixamos os finca-pés
De ancestrais lusos com líricas em santas cítaras
E no escambo a poetar com a alma de Julia Moura
Nossas lágrimas de sangue o olhar dela de pepitas

-0-

Silas Correa Leite
E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.campodetrigocomcorvos.zip.net

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